quarta-feira, agosto 17, 2011

Século XIX - E parece que foi ontem

1808
Impresso em Londres, por Hipólito da Costa, o Correio Braziliense é o primeiro jornal em língua portuguesa a circular no Brasil.

Instala-se na Bahia o ensino médico.

É fundado o Banco do Brasil.

Tem início a Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Tem início a organização da limpeza das ruas

1809
D. Carlota Joaquina prefere morar numa chácara, em Botafogo, cujo dono era o filho de Chica da Silva e do contratador português João Fernandes, João Fernandes Filho.

1822
D. Pedro proclama a Independência do Brasil, tornado-se o primeiro Imperador do Brasil com o título de D. Pedro I.

1823
O Decreto de 1º de março criava no Rio de Janeiro uma escola baseada no método lancasteriano ou de ensino mútuo. Ou seja, somente um professor para cada escola.

1824
A primeira Constituição brasileira, outorgada pela Assembléia Constituinte, dizia, no seu artigo 179, que a instrução primária era gratuita a todos os cidadãos.

A Rua Direita é a primeira a ser numerada e ter organizada a mão e contramão.

1826
É instalada a Academia Imperial das Belas-Artes, com o nome Escola de Artes.

1827
Começa a circular o Jornal do Commercio.

É criado o Observatório Astronômico, o primeiro na América do Sul.

É criado o Real Gabinete Português de Leitura, no Rocio, atual Largo de São Francisco.

São criados os cursos de Direito de São Paulo e Olinda

1827
Uma Lei Geral, de 15 de outubro, dispõe sobre as escolas de primeiras letras, fixando-lhes o currículo, a implantação do Ensino Mútuo e institui o ensino primário para o sexo feminino.

1828
Os jornais publicam diversos anúncios sobre compra e venda, aluguéis e fugas de escravos. Entre esses, o Jornal do Commércio, um ano após sua fundação, no dia 24 de abril, já publicava: "Vende-se huma preta da nação Mina, de todo o serviço dentro de e fora de huma casa; quem pretender comprar dirija-se ao Rocio da Cidade Nova, casa n. 23 para tratar do seu ajuste".

1830
Uma Resolução do Senado declara livres os índios selvagens prisioneiros de guerra escravizados.

1831
Uma Lei declara livres todos os escravos que entrassem no Brasil após esta data.

1832
A nau Beagle atraca no porto do Rio de Janeiro, em 5 de abril, trazendo à bordo Charles Darwin.

1833
O Jornal do Commércio publica, em 12 de fevereiro: "Vende-se na prisão do Calabouço, hum moleque de 14 anos, oficial alfaiate, bonita figura, não tem moléstias, nem vícios, e só vende-se por não querer servir a seu Sr.".

1834
É proclamado o primeiro Código de Posturas Urbanas.

1836
É criado o serviço dos Guardas Urbanos.

1837
Inicia-se o sistema de transportes, ligando o Centro a São Cristóvão, Engenho Velho e Botafogo. Os omnibus, expressão francesa, eram puxados a muares.

1843
O Diário do Rio de Janeiro publica, em 13 de abril: "Vende-se uma linda e elegante mucama de 18 a 20 anos, é boa costureira, perita engomadeira, cozinha de forno, é boa doceira, apronta e serve a um chá com delicadeza, penteia e veste uma senhora: motivo da venda se dirá: na rua do Regente, n. 53".

1844
A barca Especuladora, que fazia travessia Rio-Niterói explode, vitimando várias pessoas.

1848
O comerciante Carlos Le Blond compra uma chácara no bairro que terá seu nome: Leblon.

O português José Paredes sai pela primeira vez às ruas tocando um bumbo, criando o personagem Zé Pereira.

1849
Gonçalves Dias, encarregado de estudar as condições do ensino nas Províncias do Norte dizia que "os nossos liceus são escolas preparatórias da academia e escolas más".

1850
A Lei Eusébio de Queiroz acaba com o tráfico de escravos.

1851
Apresenta-se na cidade a dançarina Marietta Baderna. Seus admiradores promoveram grandes algazarras nas ruas, dando origem ao nome baderna para se referir a bagunça.

1854
O Decreto 1331A, de 17 de fevereiro, reforma os ensinos primário e secundário, exigindo professores credenciados e a volta da fiscalização oficial; cria a Inspetoria Geral da Instrução Primária e Secundária.

1856
É criado o Instituto de Surdos-Mudos, na Rua Municipal, esquina da Rua Beneditino.

1857
José de Alencar lança a sua peça O demônio familiar, onde trata de um escravo de estimação que, por meio de intrigas, promove a discórdia.

No Rio Grande do Sul, no Colégio de Artes Mecânicas, a lei mandava recusar matrículas às crianças de cor preta e aos escravos e pretos, "ainda que libertos e livres".

1871
A Lei do Ventre Livre liberta os filhos de escravos.

1879
O Senador Oliveira Junqueira dizia: "certas matérias, talvez, não sejam convenientes para o pobre; o menino pobre deve ter noções muito simples".

1885
A Lei Saraiva-Cotegipe ou a Lei dos Sexagenários torna livres os escravos com mais de 60 anos.

1888
A Lei Áurea abole a escravidão no Brasil.

1897
O Morro da Providência passa a ser conhecido como Morro da Favela, já que começou a ser habitado pelos militares de baixa hierarquia retornados da Guerra de Canudos. Favela era uma planta típica da região de Canudos e, daí, surge o nome favela para denominar as habitações pobres localizada nos morros.

Disponível em:
http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/hrsxix.htm

A Morgadinha de Botafogo

Recebi o texto abaixo de um amigo. Ele desconhece a fonte. Mas o conteúdo é tão interessante que resolvi postar aqui no meu espaço. Caso alguém conhece o autor, avise. Terei o prazer de dar os créditos à ele ou à ela.

O preconceito é mais antigo do que parece. Os judeus, os índios, os negros, as mulheres e agora os gays. Quem mais terá que esperar pelos seus direitos de seres humanos livres serem respeitados?

Eis o texto:

Enquanto isso, no século XIX

A direção da “Gazeta do Commercio” pediu ao escritor Antonio Manuel de Britto que esfriasse uma das tramas d’“A Morgadinha de Botafogo”, folhetim de sua autoria que vem sendo publicado em capítulos por aquele jornal fluminense. A história de Pancrácia, escrava que recebe carta de alforria de sua proprietária, Don’Anna de Alencar, vem recebendo protestos veementes de alguns leitores. “A Bíblia está repleta de senhores de escravos”, afirma o tenente Josias Macedo Maciel, de Niterói, “o que prova que a escravidão foi criada por Deus Nosso Senhor. Se uma escrava ganha a liberdade, ainda que na ficção, como é que eu vou ensinar aos meus filhos a maneira correta de açoitar os escravos que temos em casa?” Boanerges de Vasconcellos, cafeicultor em Vassouras, acrescenta: “Agora a moda é ser abolicionista. Querem impor a ditadura negra, onde todos terão que ser negros, dançar lundu e comer feijoada. Sinto-me tolhido em meu direito à livre expressão. Não posso mais dizer que essa negrada merece o pelourinho. Ora esta, sou escravocrata, mas não sou preconceituoso”. Ele também negou que sua pregação anti-abolição tenha contribuído para o crescente número de africanos encontrados mortos nos becos e vielas da Corte.

A partir da próxima semana, a personagem Pancrácia terá sua importância diminuída no folhetim. Não aparecerá mais vendendo doces na Rua do Ouvidor, nem embolsando o modesto lucro resultante dessa venda. A “Gazeta do Commercio” quer apaziguar a Liga Conservadora do Brazil, que defende que as pessoas de cor têm um futuro muito mais garantido nas senzalas, onde não precisam se preocupar com o próprio sustento, do que se precisarem trabalhar por conta própria. “Negros libertos são assassinos, ladrões, facínoras, meliantes e canibais”, justifica o Barão de Coary. “Mostrá-los levando vida de branco é um crime contra a natureza e as leis divinas”. O barão também está organizando um movimento de resistência à Princesa Isabel, que, dizem à boca pequena, estaria cogitando a ideia de eliminar a escravatura com uma única canetada. “Este seria um ato ditatorial, contrário às nossas tradições cristãs e à vontade do povo. Mais justo seria se a questão fosse levada a plebiscito. Que consultem aqueles que têm direito a voto – todo os cem mil.”