terça-feira, setembro 13, 2011

Existe muita MENTIRA circulando pela net, sobre Veríssimo

Textos "falsos" atribuídos a Luis Fernando Veríssimo

Por motivos que ninguém explica, diversos textos de outros autores circulam pela internet como sendo de Luis Fernando Veríssimo. Isso ocorre com outros autores também, mas o estilo mais casual de Veríssimo parece torná-lo um alvo fácil. Veja o que Veríssimo tem a dizer sobre isso*.

Abaixo, uma lista de textos falsamente atribuidos a Verissimo, compilada por Elson Barbosa (moderador da comunidade no Orkut - Luis Fernando Verissimo):

- LFV e o Desarmamento / Aprenda a Chamar a Polícia (não é de Rossano Cancelier, em sites em inglês piada de Author Unknown = AD, 2004)
- Quase (autora: Sarah Westphal)
- Dar Não é Fazer Amor (Tatiane Bernardi)
- Depoimento Sobre as Drogas / Pagodeaxéfunk... Drogas da Pesada! (autor: Vitor Trucco)
- Do Flerte ao Casamento (autor: Bond Bilau)
- Hipocondríaco (autor: Silvio Lach)
- Um Dia de Modess (Rolinha)
- Tipo Assim (autor: Kledir Ramil)
- O Direito do Palavrão (Pedro Ivo Resende)
- A Verdade Sobre Romeu e Julieta (Francine Bittencourt de Oliveira)
- A Impontualidade do Amor (autora: Martha Medeiros)
- Mulheres Modernas / Mulheres Empresárias (autor: Arnaldo Jabor)
- O Que Faz Bem À Saúde / Previna-se (Martha Medeiros)
- Pedindo Uma Pizza em 2009 (autor: Daniel Kurtzman)
- Namoro em Tempos Modernos / Árvore Genealógica (autor: Bond Bilau)
- Filtro Solar (autor: Baz Luhrmann)
- Verão Chegando / The Summer is Tragic! (autora: Rosana Hermann)
- Ainda Bem Que Eu Dei (autora: Daniela Mel)
- Proctologista / Pedido de Amigo (autor: Jacob El-Mokdisi)
- Um homem inteligente falando de mulheres e/ou Salvem as Mulheres (autor desconhecido)
= Mulher – Manual de Preservação da Espécie (autor: Fábio Reynol)

O que Veríssimo acha disso? A resposta dele abaixo:

Presque
(texto de LFV publicado no jornal ZH em 24/03/2005*)

A internet é uma maravilha, a internet é um horror. Não sei como a Humanidade pôde viver tanto tempo sem o e-mail e o Google, não sei o que será da nossa privacidade e da nossa sanidade quando só soubermos conviver nesse cyberuniverso assustador. O mais admirável da internet é que tudo posto nos seus circuitos acaba tendo o mesmo valor, seja receita de bolo ou ensaio filosófico, já que o meio e o acesso ao meio são absolutamente iguais. O mais terrível é que tudo acaba tendo a mesma neutralidade moral, seja pregação inspiradora ou pregação racista — ou receita de bomba — já que a linguagem técnica é a mesma e a promiscuidade das mensagens é incontrolável. Não temos nem escolha entre o admirável e o terrível, pois acima de qualquer outra coisa a internet, hoje, é inevitável.

Uma das incomodações menores da internet, além das repetidas manifestações que recebo de uma inquietante preocupação, em algum lugar, com o tamanho do meu pênis, é o texto com autor falso, ou o falso texto de autor verdadeiro. Ainda não entendi o recado ou a estranha lógica de quem inventa um texto e põe na internet com o nome de outro, mas o fato é que os ares estão cheios de atribuições mentirosas ou duvidosas. Já li vários textos com assinaturas improváveis na internet, inclusive vários meus que nunca assinei, ou assinaria. Um, que circulou bastante, comparava duplas sertanejas com drogas e aconselhava o leitor a evitar qualquer cantor saído de Goiânia, o que me valeu muita correspondência indignada. Outro era sobre uma dor de barriga desastrosa, que muitos acharam nojento ou, pior, sensacional. O incômodo, além dos eventuais xingamentos, é só a obrigação de saber o que responder em casos como o da senhora que declarou que odiava tudo que eu escrevia até ler, na internet, um texto meu que adorara, e que, claro, não era meu. Agradeci, modestamente. Admiradora nova a gente não rejeita, mesmo quando não merece.

O texto que encantara a senhora se chamava "Quase" e é, mesmo, muito bom. Tenho sido elogiadíssimo pelo "Quase". Pessoas me agradecem por ter escrito o "Quase". Algumas dizem que o "Quase" mudou suas vidas. Uma turma de formandos me convidou para ser seu patrono e na última página do caro catálogo da formatura, como uma homenagem a mim, lá estava, inteiro, o "Quase". Não tive coragem de desiludir a garotada. Na internet, tudo se torna verdade até prova em contrário e como na internet a prova em contrário é impossível, fazer o quê?

Eu gostaria de encontrar o verdadeiro autor do "Quase" para agradecer a glória emprestada e para lhe dar um recado. No Salão do Livro de Paris, na semana passada, ganhei da autora um volume de textos e versos brasileiros muito bem traduzidos para o francês, com uma surpresa: eu estava entre Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e outros escolhidos, adivinha com que texto. Em francês ficou Presque.

Nota: Autoria atribuída a Luis Fernando Verissimo, mas que ele mesmo diz ser de Sarah Westphal Batista da Silva, em sua coluna do dia 31 de março de 2005 do jornal O Globo.

Sites de Luis Fernando Verissimo, para pesquisa:

http://portalliteral.terra.com.br/verissimo/

http://www.releituras.com/lfverissimo_alianca.asp

ZERO HORA (Colunas)
http://www.clicrbs.com.br/jornais/zerohora


Fonte desta pesquisa: http://www.rosangelaliberti.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=373882

Agradeço a Rosangela Aliberti por esclarecer mais uma mentira da net.